Marraquexe: O Souk


(a visão dela)
Não há viagem a Marraquexe que não passe pelo souk. Para quem ainda não ouviu falar, os souks
são os mercados tradicionais do Norte de África e que assumem particular relevância em
Marraquexe, já que funcionam como uma espécie de cordão umbilical da famosa praça Jemma El
Fna.
Eu sei, chega a ser poética a forma como o descrevo. Mas acreditem, meninas, este é o paraíso para
qualquer uma de nós! Aqui encontram de tudo: blusões de couro verdadeiro (o couro é uma
especialidade em Marraquexe e é de ótima qualidade!), malas, carteiras, relógios, sapatos, as
famosas babuchas marroquinas (não vão para Portugal sem umas, fazem enorme sucesso na praia!)
e ainda inúmeros objetos de decoração (para quem tem a sorte de poder transportar artigos de
maior volume no avião), como candeeiros de metal e carpetes que nos transportam para o sonho
das mil e uma noites.
Primeiro aspeto importante: negociar! O limite é a vossa paciência… ou a dos comerciantes.
Se não têm qualquer tipo de talento ou paciência para perder uma boa meia hora a negociar um
objeto que queiram comprar nem vale a pena entrarem nesta aventura. Comecem por oferecer
abaixo um valor bastante abaixo do valor que vos pedem e, se forem bem-sucedidas na operação de
charme conseguem trazê-lo por metade ou ainda menos. Na verdade, não sei se sinto orgulho ou
pena dos comerciantes por ter conseguido trazer muitos deles por menos de metade… Mas o que é
certo é que qualquer negócio é um encontro de interesses numa base win-win entre ambas as
partes, certo? Além disso, contribuímos para animar o dia destes comerciantes uma vez que faz
parte da cultura deles esta dinâmica de “regatear os preços” e a maioria dos turistas que por ali se
vê, sobretudo do norte da Europa, não perdem um minuto sequer a fazê-lo.
Segundo aspeto importante: negoceiem também com o vosso namorado a ida a um souk.
Ou isso, ou não o levem! Ou podem dizer adeus à vossa relação.
Reconheço muito o teu esforço, querido F. por não te teres passado quando te arrastei um dia
inteiro para as compras no souk! Mas também te ajudei a trazer algumas coisas para casa…
Terceiro aspeto importante: Resistam ao aliciamento.
A cada banca que passam vão ser literalmente assediadas para entrar. Não respondam, não parem
para olhar ou mexer em algum produto, a menos que estejam realmente interessadas. Aprendam a
dizer que não e a ignorar. No início é difícil. Estamos a falar de pessoas que estão a fazer o seu
trabalho e, no geral, o povo marroquino é simpático. Mas é essencial mantermos uma postura dura
na abordagem e na negociação se queremos sobreviver a esta experiência com alguma sanidade, no
final do dia.
E é isto: se conseguirem seguir estes três conselhos estão prontas para mergulhar no souk de
marraquexe. Divirtam-se!

(a visão dele)
Viram bem a descrição dela? Conseguem imaginar aquilo por que passei, certo?
Ok, no início até achei piada ao conceito. Era uma experiência diferente. Saímos de uma realidade
onde o preço a pagar é o preço tabelado para uma onde não há sequer etiquetas com valores nem o
tradicional “valor de mercado”. Aqui o valor de mercado é o resultado de um duelo de palavras na
luta pelo melhor preço que só termina quando uma das pessoas é vencida pelo cansaço. E
acreditem, ela não se cansava…
Arrependo-me do momento em que ela me propôs que ficasse a tomar um chá de menta pela
medina e nos encontrássemos alegremente ao final do dia. Afinal, o meu entusiasmo pelo souk
terminou no momento em que já tinha fotografado e filmado todos os planos necessários para o
nosso vídeo. Depois disso, continuei a ser arrastado de banca em banca à procura daquela mala de
imitação em pele verdadeira e sei lá mais o quê. Percorremos mais de três vezes o mesmo percurso,
sim, porque às tantas já não via nada à minha frente e o souk é um autêntico labirinto. Percebia que
já não era a primeira vez que visitávamos a banca, quando, à primeira paragem ela começava a ser
insultada em árabe. Sim, era aquele comerciante que da primeira vez se tinha sentido ofendido com
a oferta dela bastante abaixo. Mas é assim que se negoceia, dizia-me ela! Não… não tenho paciência
para isto, mas devo admitir que ela conseguiu trazer tudo o que queria e a quase ao preço que
queria.
Conselho aos homens: Vão beber um chá de menta e deixem-nas entretidas às compras durante
umas horas!
(No segundo dia já não me enganaram …)

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